Foto:Rodrigo Denúbila |
A abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff gerou um leve sinal de recuperação no mercado financeiro. Na
última quinta-feira, 3, um dia após o acolhimento da proposta, a bolsa
de valores de São Paulo fechou em alta de 3,58% e o dólar encerrou o dia
em queda 2,26%, cotado a R$ 3,74. No entanto, analistas financeiros
divergem em relação ao desfecho do processo. Para alguns, o alívio pode
ser passageiro e, ao fim do processo, a economia do país pode sair ainda
mais combalida e instável. Outros acreditam que a saída de Dilma é
imprescindível para que a economia do país retome seu rumo. Em
entrevista ao jornal El País, o economista André Perfeito afirmou que o
alívio de tensão no mercado se deu porque Dilma acabou se tornando a
“personificação da crise”. “De fato, a presidente acaba se tornando a
personificação da crise política, então a sua saída é vista como uma boa
notícia. Como a crise atual é mais política do que econômica, um
impeachment aumenta a possibilidade de que finalmente o ano de 2014
acabe, porque o de 2015 nem existiu.” Já o analista de conjuntura do
Instituto de Economia da Unicamp, André Biancarelli, acredita que o
processo somente trará mais incerteza ao país, o que afasta ainda mais
os investidores. “Tocar para frente um processo de impeachment, sob essa
justificativa, seria uma irresponsabilidade sem tamanho. Não vejo como
trocar o presidente possa melhorar o cenário do ponto de vista
econômico. Qualquer presidente encontraria o Brasil em uma situação já
conflagrada. E essa instabilidade política tem um fator que piora
decisão de investimento”, disse em entresvista ao jornal Globo. Qualquer
que seja o desfecho, todos concordam que a análise do processo deve ser
rápida, pois com ou sem Dilma, a votação de importantes pautas no
Congresso não pode parar. “Temos a aprovação da CPMF, da DRU
(Desvinculação das Receitas da União) que podem acabar ficando em
segundo plano devido ao foco no processo. A economia já está derrubada. A
repercussão do processo em si num primeiro momento não será grande, já
que o quadro já é de paralisia há algum tempo”, disse ao Globo, o
economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea)
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