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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Publicidade de cigarro influencia crianças brasileiras, aponta estudo




Marcas de tabacos foram reconhecidas por 59% das crianças analisadas



A publicidade das empresas fabricantes de cigarros influencia crianças de cinco e seis anos nos países de renda baixa e média, como o Brasil, o que aumenta o risco de se tornarem fumantes, revelou um estudo americano divulgado nesta segunda-feira.

A pesquisa publicada na revista Pediatrics abrangeu seis países: Brasil, China, Índia, Nigéria, Paquistão e Rússia, escolhidos por terem as taxas mais elevadas de tabagismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesses países, as crianças reconhecem com mais frequência pelo menos um logotipo de uma fabricante de cigarros, não necessariamente por morarem com alguém que fuma, destacou o estudo da Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins em Baltimore, em Maryland.

— O incrível, para mim, foi ver crianças que não moravam com fumantes, mas eram muito conscientes das marcas de cigarros. O que isso me diz é que as crianças estão recebendo a mensagem em sua comunidade, em seu entorno. Estão vendo em estabelecimentos comerciais, estão vendo cartazes. Quando vão comprar uma bala em uma loja local, elas veem esses logotipos — disse a principal autora do estudo, Dina Borzekowski, da Universidade de Maryland.

Das 2.423 crianças estudadas em seis países, 68% eram capazes de reconhecer ao menos uma marca de cigarros, em um percentual que vai de 50% na Rússia a 86% na China, onde mais de 28% da população fuma (53% dos homens e 2% das mulheres), segundo a pesquisa.

— Na China, em média, as crianças conheciam quase quatro de oito das marcas. Eram crianças pequenas. É incrível que possam reconhecer logotipos com tão pouca idade — disse Borzekowski.
No extremo oposto está a Rússia, onde 50% das crianças estudadas conheciam pelo menos um logotipo de cigarros. No Brasil, 59% das crianças podiam reconhecer uma marca de cigarros.
Os resultados geram preocupação sobre o cumprimento das restrições internacionais da publicidade de tabaco em países de renda baixa e média, de acordo com os autores do estudo.

Mais de um quarto das crianças estudadas foram capazes de identificar de duas a três marcas de cigarros e 18% conheciam quatro ou mais. Também foi perguntado às crianças se pensavam em fumar quando chegassem à idade adulta. A taxa mais alta de respostas afirmativas ocorreu na Índia, onde 30% — tanto meninos quanto meninas — disseram que pensavam em se tornar fumantes.

O estudo foi realizado em áreas urbanas e rurais, com cuidado especial em não refletir apenas a realidade das comunidades mais ricas, onde a consciência da comercialização do tabaco poderia ser maior, afirmaram os pesquisadores. No entanto, eles advertiram que o estudo "pode não refletir as populações nacionais de cada país".

Este estudo e outros semelhantes evidenciam estratégias de marketing sofisticadas e eficazes, adotadas pelas fabricantes de tabaco, cujas mensagens afetam claramente os mais jovens, lamentaram os autores da pesquisa.


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