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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

"Me considero um bode expiatório", diz Donadon ao ter mandato cassado

Depois de entrar na Câmara com o uniforme de presidiário, Donadon acompanhou sua defesa em plenário (Monique Renne/CB/D.A Press)
Donadon teve o mandato cassado   (Foto: Divulgação)


O personagem principal era o mesmo, mas o cenário e o roteiro foram completamente modificados. Em agosto do ano passado, Natan Donadon (sem partido-RO) foi absolvido pelos colegas sob o véu do voto secreto em uma sessão quase esvaziada — com 107 ausentes. Ontem, o plenário da Câmara dos Deputados estava cheio de parlamentares com discursos inflamados. E, desta vez, não teve jeito. Em ano de eleição e com o fim do sigilo, o agora ex-deputado federal, primeiro parlamentar a ser preso no exercício do mandato, foi cassado por 467 votos.

Na primeira sessão em que teve o mandato colocado em xeque, em agosto, 233 deputados foram favoráveis à cassação, 131 optaram pela absolvição e 41 se abstiveram. Centro e sete ausências fizeram a diferença na manutenção do presidiário no quadro do parlamento, pois faltaram 24 votos para a perda de mandato mesmo após duas horas e meia de tempo aberto para a votação. Ontem, foram necessários somente 35 minutos para o resultado: o voto do presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) não foi computado, somente 44 parlamentares se ausentaram e apenas Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), que tem condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não transitada em julgado, se absteve de emitir opinião. “Não me sinto à vontade na condição em que estou de julgar e condenar ninguém”, justificou.

Há seis meses, Donadon circulava com desenvoltura no plenário, abraçando colegas mais próximos, parando para fazer um lanche e sorrindo ao lado de parentes. Subiu à tribuna, falou da falta de água para tomar banho e da má alimentação do Complexo Penitenciário da Papuda, onde está detido desde junho, e fez um apelo emocionado. Desta vez, o rondonense estava apreensivo. No início da semana, avisou que iria novamente se defender na tribuna, mas, ontem, desistiu. No fim da tarde, quando seu advogado, Michel Saliba, contava a decisão à imprensa, Donadon surgia em outra porta.

O ex-parlamentar entrou no Congresso por volta de 18h30, acompanhado de seguranças, por um túnel subterrâneo do Anexo I da Câmara, passou pela área do almoxarifado e subiu por um elevador de carga. Chegou de moletom, calça jeans e tênis — tudo branco, como manda o figurino da Papuda. Ficou cerca de duas horas na sala de reunião da Mesa Diretora, onde arrumou o cabelo e vestiu um terno completo. Perguntado se havia conseguido tomar um banho, ele riu e confirmou.

Fonte: Correio Braziliense

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