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Famílias recebendo orientação dos técnicos da defesa civil e COHAB (Foto: Eunice Pinto/ Ag. Pará) |
Com os olhos fixos nas casas soterradas após a erosão provocada pela cheia do rio Maratauíra, ocorrida na manhã do último sábado, 4, no bairro de São João, em Abaetetuba, seu Manoel dos Santos, 44 anos, acompanha atentamente o trabalho do Corpo de Bombeiros. Desde a manhã de ontem, ele tem feito plantão no local do acidente. " A gente leva uma vida inteira para construir as coisas, e tudo é destruido em questão de segundos", conta o morador, que perdeu tudo com o desabamento. "A minha esposa e os meus filhos já pediram para eu sair daqui, ir com eles para o abrigo da Prefeitura. Mas eu não quero, prefiro ficar aqui acompanhando tudo. Quero ter certeza mesmo se isso não é um pesadelo", desabafa.
No local da erosão, o cenário é de tristeza. Enquanto o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil avalia a estrutura das casas atingidas, um grupo de moradores tenta salvar o pouco que restou em meio aos imóveis destruídos. "Eu nasci e me criei aqui. É muito triste ver a sua casa, a casa da sua mãe, dos seus amigos, toda uma vida ir por água baixo em questão de segundos", afirma o ajudante de pedreiro Miguel de Jesus, que também perdeu tudo com o acidente.
Próximo dali, em uma igreja que leva o mesmo nome do bairro, uma equipe de tecnicos da Cohab, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros tenta tranquilizar os moradores, explicando quais os passos devem ser seguidos a partir de agora. "O governo do Estado disponibilizará o que for necessário para amenizar a perda e a dor das familias atingidas. Estamos com duas frentes de trabaho. Uma parte dos nossos técnicos está cadastrando as familias para o programa Cheque Moradia e a outra está avaliando e repassando orientações técnicas para reconstrucão das casas atingidas", explica a diretora de Relações com o Cliente da Cohab, Bernardete Costa.
No Ginásio Municipal, disponibilizado para abrigar os desalojados, no centro de Abaetetuba, o clima é de recomeço. De acordo com a Prefeitura, uma força tarefa foi montada no local para atender as principais necessidades das famílias atingidas. Enquanto uma parte de voluntários recebe doações de alimentos, brinquedos, roupas, material de higiene e colchões, outra parte cuida da alimentação e do apoio piscológico das dezenas de pessoas. "O nosso dever como ser humano, antes de tudo, é ajudar o próximo. Nessas horas é que a gente percebe o quanto pode ser útil", ressalta o voluntário Jesus de Nazaré, que trouxe toda a familia para ajudar as vítimas da erosão.
Com a neta no colo, a pescadora Esmelita Costa, 51, relembra o momento da tragédia. Ela é uma das dezenas de pessoas que ficaram apenas com a roupa do corpo durante o acidente. "Foi horrivel. Eu fecho os olhos e tudo vem de novo a minha mente. Eu tinha acabado de chegar do médico e me preparava para dar a comida do meu netinho de seis anos, quando eu ouvi um estouro, uma gritaria e vi a casa desabando na minha cabeça. Na mesma hora eu peguei meu neto pelos braços e pulei para o rio desesperada. Quando olhei para trás, tudo já estava no chão", lembra emocionada.
De acordo com a Defesa Civil, até o momento cerca de 30 famílias foram atingidas diretamente ou tiveram que deixar suas casas por conta do risco de desabamento. Ao redor do local da erosão, rachaduras por todo o chão mostram que ainda há o risco de novas erosões. "Toda essa área aqui está comprometida, por isso a preocupação dos orgãos de segurança em retirar todas as familias que vivem ao redor. Pela nossa avaliação, infelizmente, ainda há, sim, perigo de desabamento", afirma o sub-tenente do Corpo de Bombeiros, Odinaldo Negrão.
Os trabalhos dos orgãos de segurança pública devem continuar por todo o dia de hoje. Segundo o oficial dos Bombeiros, alguns moradores ainda insistem em invadir a área para retirar materiais de construção. Por isso a preocupaçãos dos autoridades de segurança em permanecer no local. "Queremos evitar qualquer tipo de desastre na área. Mesmo informando a população sobre os riscos, muitos ainda insistem em desobedecer as nossas orientações e acabam se arriscando para tentar salvar algum bem. Por isso, temos aumentado nosso trabalho de vigilância e fiscalização", explicou o sub-tenente.
Fonte: Agência Pará
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