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quinta-feira, 13 de março de 2014

Jovem teria apressado assassinato de namorada para responder como menor


Yorrally Ferreira, de apenas 14 anos, foi encontrada morta na manhã de segunda (10/3), no Parque Recreativo do Gama (Facebook/Reprodução)
Yorrally Ferreira, de apenas 14 anos, foi encontrada morta com um tiro no olho na manhã de segunda (10/3), no Parque Recreativo do Gama
(Foto: Reprodução)
O adolescente acusado de matar Yorrally mostrou frieza e nenhuma compaixão ao depor sobre o caso, segundo o promotor de Infância e Juventude do DF Renato Varalda, responsável por ouvi-lo. O jovem relembrou detalhes do homicídio e, em nenhum momento, demonstrou arrependimento. “Foi incomum. Nem parecia desconfortável com a situação. Contou como tudo aconteceu normalmente, sem nem sequer ficar nervoso”, revelou Varalda.

 O suspeito confessou a amigos que escolheu o domingo para assassinar a vítima por saber que estava prestes a completar 18 anos. Como ainda era adolescente quando matou a ex-namorada , responderá conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Dessa forma, cumprirá, no máximo, três anos de internação. Se fosse julgado como adulto, poderia ser condenado a pena que chega a 30 anos. Segundo Varalda, o suspeito foi apreendido por tráfico de drogas, ameaça e lesão corporal. “Na Promotoria, ele não admitiu ter matado em função de alguma suposta guerra de gangues. Limitou-se a dizer que ela denegria a sua imagem”, afirmou o promotor.

O jovem passará por exames para saber se tem algum tipo de transtorno de personalidade. Segundo Raphael Boechat, psiquiatra e professor da Universidade de Brasília (UnB), esse tipo de comportamento dificilmente será mudado. “A psicopatia surge desde jovem e persiste durante a vida. Normalmente, é preciso retirar a pessoa do convívio. Claro que, no caso dele, não há um quadro detectado, estamos supondo baseado nos depoimentos”, ponderou. “É importante ressaltar que ele sabia exatamente o que estava fazendo. Vai ficar apreendido, mas, quando voltar às ruas, fará a mesma coisa”, concluiu.

O crime trouxe de volta o debate sobre a maioridade penal no Brasil. Mesmo considerando o acusado dissimulado, o promotor Renato Varalda é contra que jovens passem a ser considerados imputáveis a partir dos 16 anos. “No sistema penitenciário, só 10% dos detentos têm acesso a estudo. O primeiro impacto negativo seria a interrupção dos estudos desses meninos. Fora isso, está mais do que comprovado que o sistema não recupera ninguém”, afirmou.

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