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quarta-feira, 12 de março de 2014

Racismo no futebol brasileiro: casos isolados ou realidade estrutural?

O Jogador Tinga sofreu com atitudes racistas no Peru (Foto: Divulgação)


Mais dois casos de racismo se tornaram públicos no futebol brasileiro no dia 6 de março de 2014: O juiz de futebol, Márcio Chaga no campeonato gaúcho foi chamado de macaco, teve seu carro quebrado e duas bananas colocadas em cima do mesmo; no futebol paulista o jogador Arouca, do Santos, também, foi chamado de macaco pelos torcedores do Mogi – Mirim. Não muito atrás, o jogador Tinga, do Cruzeiro, também foi hostilizado no Peru com práticas racista.

A imprensa brasileira tratou de se indignar com o caso. Trouxe inúmeras capas de jornais e editoriais denunciando esses casos de racismo. O que mais impressiona é que a maioria dos jornalistas e comentadores tratam esses casos como práticas isoladas, de indivíduos burros, doentes e, são poucos que enxergam nessas práticas uma condição estrutural da sociedade capitalista, em especial da sociedade brasileira que foi construída na base da escravidão de índios, africanos e seus desdentes. Além disso, a burguesia desse país construiu um projeto de nação alicerçada no higienismo social e na eugenia.

A indignação da imprensa, não obstante, causa estranheza. A primeira questão já anunciada é tratar o racismo como um fenômeno isolado e, em segundo lugar, essa mesma imprensa – esportiva ou não – traz em seu seio práticas de racismo explícitas que a maioria do povo brasileiro só não enxerga por conta do que o sociólogo Pierre Bourdieu chama de efeito de destino, ou seja, o dominado não consegue ver e até acha normal esses processos de dominação e violência[1]. Por isso foi e é importante a elaboração e consolidação do racismo naturalizado no Brasil, como também, simultaneamente foi e é fundamental a ausência de esforços para garantir um combate eficaz ao racismo.

Além disso, como não perceber as práticas de racismo na imprensa brasileira – e aí vou me concentrar na esportiva – quando as grandes emissoras[2], por exemplo, não possuem quase repórteres negros e negras e, mais, não possuem praticamente nenhum apresentador negro ou negra.

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